A Música Litúrgica
Antes de falarmos sobre a música litúrgica, precisamos contextualizar sobre:
O que é a missa?
Vamos fazer uma breve reflexão do hino “Pange Lingua”, cujas duas últimas duas estrofes são muito utilizadas nas adorações eucarísticas:
“Vamos todos louvar juntos o mistério do amor, pois o preço deste mundo foi o sangue redentor, recebido de Maria, que nos deu o Salvador.”
Desde a criação, Deus desejava restabelecer a comunhão definitiva com o homem (cf. Ef 1,4-8), e ela se fez pelo redentor de Nosso Senhor derramado na Cruz e se atualiza a cada Missa celebrada. Este é o grande da fé!
“Veio ao mundo por Maria, foi por nós que ele nasceu. Ensinou sua doutrina, com os homens conviveu. No final de sua vida, um presente ele nos deu.”
Na Última Ceia, Jesus Cristo nos dá de presente a Eucaristia, ou seja, o sacramento onde o seu sacrifício de amor ao Pai se renova. Por isso a Missa é o sacrifício da Cruz (cf. IGMR, 2). Na véspera de sua Paixão, o Corpo oferecido e o Sangue derramado já se faziam presentes naquela Ceia, para nos mostrar que o seu sacrifício alcança a todos, em todos os tempos.
“Observando a Lei mosaica, se reuniu com os irmãos. Era noite. Despedida. Numa ceia: refeição. Deu-se aos doze em alimento, pelas suas próprias mãos.”
Naquela Ceia ritual da Antiga Aliança, Cristo estabelece a Nova Ceia, a Nova Aliança no seu Sangue. Inaugura um novo rito, um novo culto para recordar a sua Morte até que Ele venha (cf. 1 Cor 11,23-26). Tudo o que se relaciona à Santa Missa, especialmente a forma de celebrá-la e suas normas, é presente de Deus para a humanidade.
“A Palavra do Deus vivo transformou o vinho e o pão no seu sangue e no seu corpo para a nossa salvação. O milagre nós não vemos, basta a fé no coração.”
Os Apóstolos, naquela Ceia, continuavam a ver pão e vinho crendo, porém, que às palavras de Cristo as espécies se tornavam o seu Corpo oferecido e o seu Sangue derramado. Desde então a Igreja continua a celebrar a Eucaristia, onde se torna presente o triunfo e a vitória da Morte do Senhor no Calvário (cf. Sacrosanctum Concilium, 6).
“Tão sublime sacramento adoremos neste altar, pois o Antigo Testamento deu ao Novo seu lugar. Venha a fé por suplemento os sentidos completar.
Ao Eterno Pai cantemos e a Jesus, o Salvador. Ao Espírito exaltemos, na Trindade, eterno amor. Ao Deus Uno e Trino demos a alegria do louvor.”
Estas duas últimas estrofes todos conhecemos, mas muitas vezes não damos a devida atenção às palavras que são ditas aqui. Precisamos compreender que o Antigo e o Novo Testamento são muito mais do que apenas as palavras escritas na Bíblia, mas o Testamento é a Aliança estabelecida entre Deus e o homem.
Nós vivemos, hoje, sob a Nova Aliança no Sangue de Jesus. Esta Aliança se renova a cada vez que celebramos a Missa, pois este foi o desejo do próprio Deus.
Assim como na Antiga Aliança havia ritos com regras específicas a serem seguidas, também na Nova Aliança acontece o mesmo. O culto Novo em Cristo, onde Ele mesmo é oferecido (e não mais os animais), também tem suas regras rituais para que se mantenha a máxima fidelidade ao ensinamento d’Ele próprio.
A música na Missa
É importante termos em mente que não existe liberdade para se cantar aquilo que se deseja na Santa Missa. As regras estabelecidas pela Igreja (a pedido do próprio Cristo) para a celebração do seu Sacrifício também regem a música.
As normas litúrgicas nos ensinam que as palavras cantadas são muito mais importantes do que as melodias ou a “animação” da música. Por isso jamais se deve escolher uma música para a Missa “porque é animada”, ou “porque o povo precisa bater palma”, ou “porque o povo conhece”:
É necessário conhecermos as normas litúrgicas para que o nosso serviço à liturgia seja verdadeiramente um serviço, pois, como nos recorda o venerável bispo Fulton J. Sheen, “Ele próprio (Cristo) instituiu a maneira que Sua Morte deveria ser lembrada para que essa memória não fosse entregue ao acaso das narrativas humanas.”
A música litúrgica, portanto, cumprirá a sua função “quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica, quer exprimindo mais suavemente a oração, quer favorecendo a unanimidade, quer enfim dando maior solenidade aos ritos sagrados” (Sacrosanctum Concilium nº 112), não sendo apenas “passatempo” para quebrar a monotonia de celebrações enfadonhas e rotineiras (cf. CNBB, A música litúrgica no Brasil, nº 25).
“Por isso, o canto e os instrumentos na Liturgia são importantes elementos componentes do culto divino, cuja finalidade é dar glória a Deus e santificar o ser humano (cf. Sacrosanctum Concilium nº 7.112). E, como tais, devem ser cultivados com esmero, sensibilidade e espiritualidade, subentendendo-se o diálogo maduro entre todos os envolvidos na vida litúrgica, e conforme as diretrizes referentes à música litúrgica.
O que é Ordinário e o que é Próprio? O que isso tem a ver com o canto na Missa?
Ordinário da Missa é a parte fixa da Missa, aquilo que nunca – ou raramente – muda, não sendo possível fazer adaptações ou substituições no texto da oração quando esta for cantada:
Próprio da Missa é a parte variável, aquilo que muda conforme o dia, o tempo e as intenções. Ainda assim, não há espaço para uma liberdade ilimitada:
- Entrada;
- Salmo;
- Sequência;
- Aclamação ao Evangelho;
- Preparação das Oferendas;
- Comunhão;
- Pós-Comunhão;
- Final;
- Outros cantos (ocasiões diversas).
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